Propaganda enganosa e mais de 120 mil reclamações: entenda processo envolvendo empresa de Virginia
15/10/2025
(Foto: Reprodução) MP quer que empresa de Virginia pague indenização de R$ 5 milhões
Com faturamento anual de R$ 750 milhões e quase 5 milhões de seguidores no Instagram, a WePink, empresa da influenciadora Virginia Fonseca, é alvo de um processo judicial ajuizado pelo Ministério Público e pelo Procon Goiás. Em decisão provisória, a Justiça determinou que a empresa estabeleça atendimento humano para os consumidores e não apenas automatizado. A medida também proibiu a realização de lives.
O g1 entrou em contato com a defesa da empresa nesta quarta-feira (15) e na terça-feira (14), mas não obteve resposta. Na sexta (7), o advogado Felipe de Paula informou que a WePink ainda não havia sido citada legalmente e que a empresa não iria manifestar até ser citada.
Entre os principais motivos estão supostas práticas abusivas, como propaganda enganosa, problemas na entrega resultando em centenas de reclamações no estado, além de milhares no Brasil, e até censura.
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Autuações
A companhia já foi autuada mais de uma vez pelo Procon por atraso e falta de entrega dos produtos e, ainda, recusa de reembolso para os consumidores que cancelam as compras e pedem o dinheiro de volta.
Devido às ações reiteradas, o MP pede que a empresa pague uma indenização coletiva de R$ 5 milhões por práticas abusivas contra os consumidores, além de uma individual, com valor a ser definido durante o processo.
WePink: MP diz que situação é agravada pelo uso da imagem de Virginia porque milhares de seguidores confiam em sua recomendação
Reprodução/Instagram da WePink
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Ao se manifestar diante do pedido de liminar do MP para que a empresa fosse proibida de fazer lives, o que foi concedido pela Justiça, a WePink afirma que terceiriza as trocas e reembolsos e faz envios automatizados.
Veja abaixo os principais pontos envolvendo o processo contra a empresa da influenciadora.
Propaganda enganosa
O promotor de Justiça de Goiás, Élvio Vicente da Silva, afirma que um dos problemas da empresa é a propaganda enganosa. Ele destaca que consumidores também denunciaram a falta de entrega de produtos pagos, dificuldades na hora de solicitar o reembolso e um péssimo atendimento pós-venda.
Na ação conjunta com o Procon, o MP diz que a estratégia de "flash sales" (ofertas-relâmpago) da empresa nas redes sociais criou um senso artificial de urgência, induzindo à compra impulsiva e explorando a vulnerabilidade psicológica das pessoas
O Ministério Público enfatizou, ainda, que a situação é agravada pelo uso da imagem da influenciadora, uma vez que milhares de seguidores confiam em sua recomendação.
120 mil reclamações
Segundo o processo, em 2025 foram registradas 30 mil reclamações contra a empresa no site RECLAMEAQUI até a data da ação. No ano passado, foram 90 mil queixas.
O texto também destaca que o número total pode chegar a 300 mil consumidores, considerando aqueles que não reclamaram oficialmente. Só no Procon Goiás, foram cerca de 340 reclamações entre 2024 e 2025.
Em nota, a empresa alega, porém, que hoje não sofre mais com atrasos frequentes e que uma prova disso é a sua nota 8.1 na plataforma RECLAMEAQUI, na qual possui um índice de 93% de resolução das reclamações.
Censura
Outra prática recorrente da empresa, segundo o promotor, é a censura contra consumidores, por meio da exclusão de comentários negativos nas redes sociais.
Soma-se a isso a dificuldade que os clientes têm para entrar em contato com a central de atendimento da empresa, em função do atendimento automatizado. Em função disso, a Justiça determinou, na liminar, que a WePink deverá oferecer atendimento humano aos clientes. Dessa forma, o sistema não poderá ser automatizado, somente com robôs respondendo aos comandos. Além disso, o sistema deverá estar disponível em múltiplos canais e obrigatoriamente por telefone.
O processo
O processo contra a WePink tramita na 14ª Vara Cível e Ambiental do Tribunal de Justiça de Goiás. A medida liminar (decisão provisória), adotada no caso, foi concedida pela Justiça no dia 10 de outubro, a pedido do Ministério Público, autor da ação.
O MP argumentou que uma possível demora da decisão poderia causar mais prejuízos aos consumidores. Um dos argumentos do MP para embasar a urgência foi um vídeo de um dos sócios de Virgínia Fonseca na WePink, Thiago Stabile, em que ele diz que a alta demanda causou problemas de abastecimento.
A liminar porém, não significa que o processo está encerrado ou não há chance de reversão da decisão. O mérito da ação, ou seja, todo o caso envolvendo a WePink, ainda será julgado pela Justiça.
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