Como proteger idosos e pessoas com pouca familiaridade digital de golpes online?
28/05/2025
(Foto: Reprodução) Quem tem menos experiência digital é alvo fácil. Saiba como ajudá-los a se proteger A idade já deixou de ser um impeditivo para acessar a internet há um bom tempo. De acordo com um levantamento do Comitê Gestor da Internet (CGI), há dez anos, apenas 4% dos idosos no Brasil acessavam a rede; o número já cresceu para 20% desde então. Mas quanto mais conectada, mais exposta essa faixa etária pode estar aos riscos do mundo virtual.
Na era digital, onde quase tudo acontece por um clique ou mensagem, nem todos acompanham o ritmo das tecnologias com a mesma facilidade. Idosos e pessoas com pouca familiaridade digital acabam se tornando os alvos preferidos dos golpistas, não necessariamente porque são mais vulneráveis, mas sim por serem menos treinados para reconhecer os sinais de alerta que usuários mais experientes já aprenderam a identificar.
Ensinar e alertar quem tem menos experiência digital é um ato de cuidado.
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Os alvos favoritos da nova era
Só no Facebook, os perfis de brasileiros com mais de 60 anos já passam dos 4 milhões, em uma crescente de 117 milhões de usuários no país. A presença também incensa a atenção do público errado: a Kaspersky, fabricante de softwares de segurança, revela como os idosos são considerados alvos fáceis de crimes cibernéticos em seu último levantamento.
Identificar armadilhas online pode fazer toda a diferença para evitar prejuízos.
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A pesquisa reuniu dados de 12 mil usuários em 21 países, incluindo o Brasil. Os resultados revelam que apenas 33% dos internautas com mais de 55 anos sabem que podem estar sendo espionados sem consentimento. Junto disso, apenas 25% deles desconfiam na hora de compartilhar sua localização e outros dados sensíveis, diferentemente da média de 39% das demais faixas de idade.
Esse cenário levanta um alerta: apesar da crescente presença digital, muitos desses usuários ainda não estão plenamente conscientes dos riscos que correm online. A combinação entre o uso cada vez mais frequente das redes sociais e o baixo nível de conhecimento sobre segurança digital cria um terreno fértil para golpes e fraudes virtuais.
A natureza dos golpes direcionados a esse público é mais ardilosa por conta das armadilhas: o famoso phishing, ligações de falsas centrais bancárias, mensagens dizendo que o CPF foi usado em fraudes ou promessas de prêmios e aposentadorias extras são algumas das mais recorrentes.
De acordo com a edição mais recente da pesquisa Radar Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o crescimento dos relatos de estelionato e fraudes bancárias já é tendência nacional. Só de setembro de 2024 a março de 2025, a proporção de pessoas que sofreu golpes ou tentativas subiu de 33% para 38%; e os idosos são os mais suscetíveis. Do total, 42% dos entrevistados com mais de 60 anos relataram ter sido alvos.
O que pode ser feito?
A melhor forma de proteger os idosos dessas ameaças envolve orientá-los de forma adequada, além de realizar um trabalho contínuo de ajuste de configurações de segurança em seus celulares e notebooks. Nisso, é possível seguir por uma série de protocolos:
Educação digital contínua: Como sempre, a melhor defesa contra os golpes é a informação. Ensinar aos idosos o que é phishing, como identificar links suspeitos e como funciona o Pix são passos essenciais. Oficinas presenciais em centros comunitários, cartilhas ilustradas e vídeos explicativos simples ajudam mais do que textos técnicos ou temos complicados;
Rotina de checagem com familiares: Criar o hábito de confirmar com filhos, netos ou cuidadores antes de fazer qualquer pagamento ou clicar em links suspeitos ajuda a quebrar o ciclo de urgência imposto pelos golpistas;
Canais de denúncia e bloqueio facilitados: Muitas vezes, a vítima até pode perceber o golpe, mas não sabe o que fazer. O ideal é divulgar e manter por perto canais como:
Disque 100, para denúncias de violação de direitos dos idosos;
Delegacias de Crimes Cibernéticos estaduais, como o Disque Denúncia de Goiás, no 197;
Sites de bancos e do Banco Central, que permitem bloqueios de contas via o MED (Mecanismo Especial de Devolução) do Pix.
Configurações de segurança nos dispositivos: É fundamental ajustar os celulares de idosos para não exibir mensagens completas na tela de bloqueio, ativar a autenticação em dois fatores, restringir instalações de apps suspeitos e limitar valores de transferências por Pix ou desativar o recurso durante a noite.
Também é preciso ter cuidado com a exposição nas redes sociais. Perfis públicos com muitos dados, como nome completo, cidade, nome de familiares e a própria rotina são um prato cheio para golpes de engenharia social. A orientação é manter perfis privados e evitar o compartilhamento excessivo.