Chacina em Cavalcante: Dois PMs são condenados e cinco são absolvidos após morte de quatro homens durante ação policial

  • 21/08/2025
(Foto: Reprodução)
Sete policiais acusados de chacina em Cavalcante têm julgamento encerrado nesta quinta-feira (21) Dois policiais militares foram condenados e cinco foram absolvidos pelo júri popular após a morte de quatro homens durante uma ação policial em Cavalcante, na região nordeste de Goiás. O julgamento realizado em Goiânia, encerrou na madrugada desta quinta-feira (21) e contou com 13 testemunhas. A decisão cabe recurso. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), o crime ocorreu em janeiro de 2022 e as vítimas foram executadas com 58 tiros. O julgamento teve início na manhã de terça-feira (19) e foi presidido pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 2ª Vara dos Crimes Dolosos contra a Vida. O sargento Aguimar Prado de Morais recebeu a pena de 13 anos e 9 meses de prisão em regime fechado por homicídio qualificado contra Antônio da Cunha Fernandes, de 35 anos. Já o soldado Luís César Mascarenhas Rodrigues foi sentenciado a 6 anos de prisão em regime semiaberto pelo homicídio de Salviano Souza, de 63 anos. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp Ao g1, a defesa do soldado informou que respeita a decisão, mas que houve um equívoco na votação de um dos quesitos e “já estuda as medidas jurídicas cabíveis para a correção do julgamento, sempre com confiança na Justiça e nos princípios constitucionais”. Já a defesa do sargento destacou que irá analisar o caso e, possivelmente, entrará com recurso de apelação. A advogada Márcia Teixeira, que defendeu o cabo Jean Roberto, disse que foi comprovado que “não houve execução, como sustentava o Ministério Público, mas uma reação necessária diante de agressão real e iminente, indispensável à preservação da própria vida”. Ao g1, o advogado Tadeu Bastos, que representou Welborney, pontuou que "a justiça foi restaurada, pelo menos para parte desses acusados, ficou claro o que aconteceu naquele dia, a polícia estava em uma operação legítima e se defendeu com os meios que tinha para repelir a injusta agressão". O advogado Rodrigo Lustosa, que defendeu Mivaldo, destacou que “o julgamento se realizou de forma legal, ética e rigorosamente em conformidade com a realidade probatória constante dos autos. Nesse sentido, a decisão do júri - em relação ao acusado Mivaldo José - é justa e irreparável". Em nota, a advogada Gilsária Lourenço, resposponsável pela defesa de Eustáquio, afirmou que o "Tribunal do Júri reconheceu a ausência de participação de Eustáquio nos fatos discutidos. Assim, restou devidamente reconhecida sua inocência, afastando-se todas as imputações que injustamente lhe foram atribuídas". A reportagem entrou em contato com a defesa dos outros policiais, para que pudessem se posicionar sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Em nota, a Polícia Militar de Goiás (PMGO) destacou que “à época dos fatos, adotou prontamente todos os procedimentos administrativos cabíveis, em conformidade com a legislação vigente”. Além disso, a corporação frisou que segue colaborando com o Poder Judiciário (leia na íntegra ao final do texto). Condenação e absolvição No documento de decisão, o juiz destacou que o sargento Aguimar comandou a operação “sem planejamento, com informações distorcidas acerca das vítimas; resultando numa ação criminosa e morte das vítimas”. A respeito da morte de Antônio, foi constatado que “as circunstâncias do crime apresentam aspecto negativo, haja vista que o réu na companhia dos corréus, invadiram o imóvel da vítima, simulando uma operação e a executaram despropositadamente”. Inicialmente, o sargento foi condenado a 16 anos e 6 meses de reclusão, mas por ter confessado o crime, a pena foi reduzida em 1/6 e fixada em 13 anos e 9 meses. O cumprimento deve ser imediato, definiu o juiz. Em relação ao soldado Luís Cesar, a culpabilidade pela morte de Salviano foi considerada média, pois havia recebido ordens de seu superior hierárquico. A pena de seis anos deve ser cumprida, inicialmente, em regime semiaberto. O júri popular absolveu os outros cinco réus pela participação nas mortes de Ozanir Batista da Silva, de 47 anos, e Alan Pereira Soares, de 27 anos. Confira abaixo a lista de absolvição: Mivaldo José Toledo Jean Roberto Carneiro dos Santos Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida Welborney Kristiano Lopes dos Santos Eustáquio Henrique do Nascimento Os policiais respondiam ao processo em liberdade após decisão da Justiça. LEIA TAMBÉM: RELEMBRE: Quatro suspeitos de tráfico de drogas são mortos em ação da PM, em Cavalcante DECISÃO: Justiça manda a júri popular PMs acusados pela morte de quatro homens em chácara de Cavalcante JULGAMENTO: Chacina em Cavalcante: sete policiais acusados de matar quatro homens são julgados em GO Chacina em Cavalcante: relembre o caso Propriedade onde ação da PM com quatro mortos aconteceu, em Cavalcante, Goiás Polícia Civil/Divulgação O crime aconteceu no dia 20 de janeiro de 2022. Na data, a PM informou à Polícia Civil que uma equipe foi a uma propriedade rural, em local ermo e de difícil acesso, após receber uma denúncia de que ali haveria uma grande plantação de maconha. No registro, os PMs relataram que, chegando ao local, foram recebidos a tiros por um grupo e, por isso, tiveram que revidar com quase 60 tiros. Ainda de acordo com o depoimento dos, além dos quatro que foram baleados e morreram, havia outras três pessoas, que conseguiram fugir. Dias após as mortes, o delegado Alex Rodrigues, que investigava o caso inicialmente, contou que os PMs disseram que constataram que havia cerca de 500 pés de maconha no local, além de porções prensadas e outras prontas para consumo. No entanto, parte da droga foi incinerada no local antes da chegada da equipe da Polícia Civil. Essa ação não é a de praxe, segundo o delegado. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil, que indiciou os policiais militares pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual, no dia 4 de março de 2022. Ainda em março, os militares foram denunciados pelo Ministério Público. Conforme a denúncia, um laudo apontou que uma das vítimas foi atingida quando já estava caída ao chão. O órgão apurou que os PMs ainda queimaram a vegetação do local para destruir a prova de que lá não havia uma plantação de maconha do tamanho que eles tinham informado. Pés de maconha apresentados pela polícia após ação com quatro mortos em Cavalcante, Goiás Polícia Civil/Divulgação Quem são as vítimas Mortos em ação da PM, que teve quase 60 disparos por parte dos policiais, em Cavalcante, Goiás Reprodução Após o crime, mais de 100 entidades da sociedade civil organizada e de movimentos sociais assinaram uma nota de repúdio contra a ação da Polícia Militar. Na nota, eles pediram por justiça e divulgaram ainda a identidade dos mortos durante a ação policial. “Salviano, Chico Kalunga, Jacaré e Alan eram conhecidos por todos da comunidade e muitos possuem estórias pra contar dos momentos vividos juntos.Não eram pessoas violentas,não andavam armados. Eram pacíficos”, relatou o documento. Confira abaixo quem era cada uma das vítimas: Salviano Souza da Conceição: tinha de 63 anos, morava na chácara invadida pela polícia, era trabalhador rural e guia turístico; Ozanir Batista da Silva: tinha 47 anos, conhecido como jacaré, era trabalhador rural, mas estava desempregado. Ele estava no local para ajudar na colheita de uma lavoura de milho, segundo a família; Antônio da Cunha Fernandes: tinha 35 anos, conhecido como Chico Kalunga e era quilombola Kalunga, natural da Comunidade da Barra de Monte Alegre. Era trabalhador rural e também estava desempregado. Alan Pereira Soares: tinha 27 anos, já trabalhou formalmente como entregador e auxiliar de máquina industrial, mas estava desempregado e passou a sobreviver de trabalhos informais como capina de terrenos. Ele deixou uma filha de seis meses e uma companheira grávida de três meses. Leia na íntegra a nota da Polícia Militar de Goiás A Polícia Militar de Goiás (PMGO) informa que, à época dos fatos, adotou prontamente todos os procedimentos administrativos cabíveis, em conformidade com a legislação vigente. O caso encontra-se em tramitação na esfera judicial, instância responsável pela condução das demais fases e pelas deliberações processuais. A Corporação reitera que segue colaborando com o Poder Judiciário e cumprindo integralmente suas decisões. Assessoria de Comunicação Social 5ª Seção do Estado-Maior Estratégico da PMGO 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás

FONTE: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2025/08/21/chacina-em-cavalcante-dois-pms-sao-condenados-e-cinco-sao-absolvidos-apos-morte-de-quatro-homens-durante-acao-policial.ghtml


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